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A família pode ser um risco para o uso abusivo de álcool pelos adolescentes?

Por Dra. Pollyanna Fausta Pimentel de Medeiros


Alguns estudos com adultos jovens mostram que aqueles com histórico familiar de abuso de drogas podem apresentar mais chances de desenvolver este mesmo comportamento, quando comparados com aqueles sem histórico familiar de consumo. Por este motivo, pesquisadores da Alemanha, Reino Unido, França e Irlanda, em um estudo com adolescentes, testaram se eles apresentavam algumas variáveis familiares que poderiam os colocar em maior ou menor risco de desenvolver problemas com o uso de álcool.

Estes adolescentes foram avaliados aos 14 e aos 16 anos, considerando os seguintes fatores de risco: personalidade, cognição, comportamento, eventos estressantes, status socioeconômico, genética, neuroimagem, uso indevido de substância por pelos adolescentes e seus familiares.

Seguindo a hipótese de que os fatores que predispõe um adolescente ao uso de drogas podem variar em adolescentes em função da história familiar, os pesquisadores usaram uma abordagem em duas vertentes, primeiro definindo os grupos de risco familiar (com ou sem consumo de drogas na família), seguido por análises de predição dentro de cada grupo.

A pesquisa testou se os adolescentes com história familiar de abuso de drogas apresentavam um conjunto de preditores (fatores que favorecem a chance de ocorrência do uso de drogas) diferentes de adolescentes sem história familiar. Tomados em conjunto, agrupando por risco familiar de uso de álcool e uso indevido de drogas ilícitas, as análises de previsão de uso problemático de álcool pelos adolescentes revelou perfis preditores tanto iguais quanto diferentes entre os grupos. Desesperança, histórico de tabagismo e a exposição pré-natal ao álcool foi associada ao uso nocivo de álcool aos 14 anos em ambos os grupos, enquanto apenas eventos traumáticos de vida contribuiu para a para o uso nocivo de álcool aos 14 anos no grupo que tinha risco familiar. O uso nocivo aos 16 anos foi previsto por eventos traumáticos, extroversão e consumo de álcool aos 14 anos para ambos os grupos, enquanto impulsividade apenas previu significativamente o consumo perigoso subsequente em a presença de risco familiar. Análises na amostra geral também enfatizaram o papel do risco familiar. Diferenças na ativação neuronal no cérebro em uma região chamada estriado, aos 14 anos, estava associada a uso problemático do álcool aos 16 anos, entre aqueles que não tinha fatores de risco familiar.

Nesse sentido, o resultado do estudo reforça a importância de construir estratégias de prevenção ao uso de drogas considerando as singularidades e os diferentes contextos de convivência familiar dos adolescentes no momento da criação de programas preventivos.

Os resultados sugerem que diferenças individuais na personalidade, cognição, eventos de vida, função cerebral, contribuem de forma diferente para a previsão do uso indevido de álcool no futuro. Esta abordagem pode informar intervenções preventivas mais individualizadas.



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