Por Juliana Plens
Para conter a pandemia COVID-19, causada pelo coronavírus 2019, foram adotadas algumas medidas de saúde pública, sendo o distanciamento social uma das mais difundidas pelas autoridades e mais eficiente para evitar a disseminação da doença. Entretanto, por ser uma experiência nova e difícil, trouxe impactos relevantes nas vidas das pessoas, repercutindo diretamente em mudanças comportamentais e no estilo de vida. Estudos sugerem que quando as crianças e os adolescentes estão fora da escola (por exemplo, durante os finais de semana e nas férias), ficam fisicamente menos ativos, tem maior tempo de exposição a tela/eletrônicos, apresentam problemas de sono e piora na alimentação, o que resulta em ganho de peso e perda da aptidão cardiorrespiratória. No entanto, estudos sobre o efeito do distanciamento social na vida das crianças e dos adolescentes, são escassos, porém conhecer o impacto da pandemia na saúde dos brasileiros nesta faixa etária é de extrema necessidade para que sejam implementadas ações de saúde dirigidas a esse grupo, visando minimizar os efeitos adversos trazidos pelo distanciamento social prolongado.
Baseado nos conhecimentos prévios e na falta de dados sobre esse assunto, um estudo transversal foi realizado com 9.470 adolescentes brasileiros entre 12 e 17 anos que participaram do inquérito de saúde virtual ConVid Adolescentes – pesquisa de Comportamentos. O objetivo do estudo foi analisar as mudanças nos estilos de vida desses jovens durante a pandemia de COVID-19.
Observou-se um aumento das prevalências de consumo de hortaliças (de 27 para 30%) para ambos os sexos e aumento no consumo de frutas pelas meninas, durante a pandemia. No entanto, o consumo de alimentos não saudáveis também aumentou para ambos os sexos, o consumo de comidas congeladas passou de 13 para 17% e o de doces e chocolates de 48 para 52%. Quanto ao consumo de bebidas alcoólicas houve uma diminuição de 17 para 12%, em ambos os sexos e faixas etárias.
Algumas reflexões interessantes foram levantadas pelos autores: a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas foi associada ao distanciamento social uma vez que as práticas de socialização como festas e celebrações com os amigos, proibidas no período da pandemia, são importantes fatores associados ao consumo de bebidas alcoólicas pelos adolescentes. Acerca da alimentação, ao permanecerem em casa os adolescentes consumiram mais alimentos preparados no próprio domicilio, o que contribuiu para o maior consumo de hortaliças, mas, por outro lado, houve um aumento também no consumo de alguns alimentos não saudáveis, como os congelados, possivelmente associado à praticidade e facilidade no preparo.
Frente ao achado do aumento de alguns comportamentos não saudáveis nos adolescentes brasileiros durante a pandemia Covid-19, faz-se necessário um investimento em mudanças do estilo de vida dessa população uma vez que os hábitos de vida têm intensa repercussão na saúde.
Fonte: https://www.scielosp.org/article/rbepid/2021.v24/e210012/#
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