Por Juliana Plens
Nas últimas duas décadas constatou-se um aumento importante no número de mortes induzidas por álcool nos EUA, sendo consideradas como mortes induzidas pelo álcool aquelas mortes que poderiam ser evitadas caso o álcool não tivesse envolvido na situação, em outras palavras, aquelas mortes que ocorreram devido ao uso de álcool. Foram 14 as causas de morte utilizadas pelos Centros de Controle de Doença e Prevenção identificadas como mortes induzidas pelo álcool, sendo: síndrome de pseudo-Cushing induzida pelo álcool; transtornos mentais e comportamentais devido ao álcool; degeneração do sistema nervoso devido ao álcool; polineuropatia alcoólica; miopatia alcoólica; cardiomiopatia alcoólica; gastrite alcoólica; doença hepática alcoólica; pancreatites aguda e crônica induzidas pelo álcool; achado de álcool no sangue; exposição e intoxicação por álcool acidentais; exposição e intoxicação por álcool intencionais e exposição e intoxicação por álcool indeterminada.
Ao longo de 2000 a 2016, foram avaliadas 425.045 mortes induzidas pelo álcool. No ano de 2000 foram constatadas 19.627 mortes induzidas pelo álcool, sendo que 76,3% dessas ocorreram em homens. Em 2016, 34.857 pessoas morreram devido ao uso de álcool, e destas, 73,3% eram homens. Em ambos os sexos essas taxas foram muito altas e aumentaram no período estudado. Para homens houve um incremento médio anual de 1,4%, e para mulheres de 3,1%, no período estudado. Observou-se uma aceleração nas taxas de mortalidade em homens e mulheres estudados nos últimos anos, sendo que de 2012 a 2016 houve um incremento médio anual de 4.2%; variando de 3,1% a 5,3% para homens e de 7,1%, variando de 5,1% a 9,1% para mulheres.
Os maiores aumentos encontrados foram associados a diferentes grupos etários e subgrupos étnicos, sendo mais relevantes em homens e mulheres indígenas americanos e nativos do Alaska. Em relação a homens latinos e homens e mulheres negros, apesar de inicialmente ter havido uma diminuição dessas taxas, nos últimos anos do estudo houve também um aumento para pessoas desses grupos.
Na população de pessoas brancas, houve um aumento importante em números absolutos de mortes de ambos os sexos na meia-idade. No caso dos homens entre as idades de 55 a 59 anos houve um aumento de 25,5 para 43,3 mortes/100.000 habitantes do período de 2000-2003 para 2013-2016. Em relação às mulheres brancas a faixa etária com maior aumento de mortes em números absolutos foi dos 50 aos 54 anos, passando de 7,4 para 16,5 mortes/100.000 habitantes do período de 2000-2003 para 2013-2016. Também foi constatado um aumento de mortes induzidas pelo álcool nas pessoas brancas dos 25 aos 34 anos de idade. Entre a população de índios americanos e nativos do Alaska o aumento maior ocorreu nas faixas etárias de 45 a 49 anos e 50 a 54 anos, para homens e mulheres, respectivamente.
Concluiu-se que o grande aumento nas taxas de mortalidade induzidas pelo álcool, com recente aceleração nos últimos anos, acometendo um número significativo de jovens, contribui não apenas para o aumento da mortalidade prematura no país, mas também indica um possível incremento futuro da incidência de doenças associadas ao álcool, situação que merece atenção da Saúde Pública a fim de que políticas de prevenção acerca do uso do álcool sejam implementadas para conter esse avanço.
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