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Associação do uso de drogas e problemas comportamentais em adolescentes

Por Mireille Almeida, psiquiatra


Estudo coordenado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina em parceira com o Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP), e financiado pelo Ministério da Saúde, foi recentemente publicado na Brazilian Journal of Psychiatry, reportando dados de uma avaliação sobre o perfil de consumo de drogas e problemas de comportamento nos adolescentes brasileiros.


O consumo de álcool e drogas entre adolescentes brasileiros é alto (55% e 9%, respectivamente), com potenciais consequências negativas à saúde, como episódios de violência, comportamentos sexuais de risco, e abandono escolar. Levando em consideração o impacto do uso de substâncias para a saúde pública brasileira, é importante identificar os preditores dessa situação, para planejar adequadamente estratégias de eficazes de prevenção.


As autoras do estudo utilizaram dados de um estudo longitudinal realizado nos anos de 2014 e 2015, que investigou um total de 6391 estudantes de 7º e 8º anos, de 72 escolas públicas em 6 diferentes cidades brasileiras.


Os resultados apontaram para uma divisão em dois perfis latentes de comportamento destes jovens: os que apresentavam alto uso de drogas e, ao mesmo tempo, altos problemas de comportamento, tais como problemas de relacionamento, problemas escolares, problemas familiares e brigas, e os que apresentaram baixo uso de drogas e baixos problemas de comportamento. O primeiro grupo, o de maior risco, representou 37% da amostra e o segundo, 63%. Além disso, os fatores de risco identificados e que favoreceram que ao final do estudo um jovem estivesse na classe de “alto uso de drogas e altos problemas de comportamento” foram: ser do sexo feminino (risco 69% maior), ter relatado uso prévio de álcool (risco 71% maior), ter problemas comportamentais anteriores (risco 16 vezes maior) e relato de vivência de episódios de embriaguez materna (quase 3 vezes maior).


Portanto, esses achados apontam a necessidade de iniciarmos estratégias de prevenção ainda mais cedo (antes do 7º ano) e levando em consideração opções como rastreio de problemas comportamentais e de episódios de embriaguez materna precocemente. Assim como outros estudos brasileiros têm demostrado nos últimos anos, é essencial que maior atenção seja dada às meninas, que por muito tempo não ocuparam este grupo de maior risco que agora ocupam.


O estudo na íntegra pode ser lido aqui

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