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Estudo da UNIFESP revela associações entre perfis de bullying, uso de álcool, raça e gênero

Por Valdemir Ferreira Júnior


O bullying é um fenômeno que preocupa pais, educadores e pesquisadores devido aos graves efeitos que produz, não somente para quem recebe as agressões, como também para quem as produz e presencia. As agressões não são pontuais ou isoladas, elas ocorrem repetidamente, de forma crônica e regular. Para aprofundar o entendimento sobre esse comportamento, pesquisadores do núcleo Previna da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP), com financiamento da FAPESP, conduziram um estudo com mais de 4 mil estudantes de 5º e 7º ano da cidade de São Paulo com o objetivo de identificar perfis de bullying entre os alunos e os possíveis fatores associados a este comportamento. Dentre as formas verbais, físicas e relacionais de bullying, os pesquisadores investigaram 7 diferentes tipos, como fazer xingamentos e dar apelidos, espalhar boatos e mentiras, agressão física, exclusão social e bullying étnico-racial.

Avaliando o quanto os estudantes recebiam ou praticavam essas formas de bullying, os pesquisadores identificaram para ambos os anos (5º e 7º anos) 4 diferentes perfis: Perfil de baixo envolvimento, que reunia os estudantes que não praticavam nem recebiam bullying; Perfil de moderada vitimização, em que os jovens eram vítimas de mais de um tipo, mas não todos; Perfil de alta vitimização, em que os estudantes recebiam todas as formas de bullying, e Perfil de alta vitimização e prática, em que os jovens tanto eram vitimizados como também praticavam bullying. Esses achados surpreenderam os pesquisadores por não serem identificados perfis unicamente de agressores entre os estudantes e por encontrarem um perfil de estudantes que tanto recebiam como praticavam.

Os autores encontraram que o uso de álcool esteve associado com todos os perfis que recebiam ou praticavam bullying, sendo ainda mais grave entre os estudantes do Perfil de alta vitimização e prática. No 7º ano, esses estudantes possuíam 3 vezes mais chances de já ter usado álcool na vida, enquanto no 5º ano foi ainda maior, 5 vezes mais chances, quando comparados ao Perfil de baixo envolvimento.

Outro achado importante foi em relação ao desempenho escolar, os pesquisadores encontraram que entre os estudantes do 5º ano, quanto maior o grau de envolvimento com bullying menor o desempenho escolar, sendo que jovens do Perfil de alta vitimização e prática tiveram 10 vezes mais chances de reportarem baixo desempenho escolar.

Ainda no 5º ano, os pesquisadores também encontraram que as meninas possuíam mais chances de estarem nos perfis de vitimização, tanto moderada como alta, e que os estudantes autodeclarados negros (pretos ou pardos) possuíam 3 vezes mais chances de estarem no Perfil de alta vitimização.

Os pesquisadores destacam que a associação do bullying com o uso de álcool é preocupante, visto que ambos os comportamentos são altamente danosos para o desenvolvimento e saúde de crianças e adolescentes, devendo assim serem prevenidos em conjunto. Ressaltam, ainda, que programas de prevenção devem considerar que tanto o gênero quanto a raça influenciam significativamente a forma como os estudantes são impactados pela violência.

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