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Estudo revela perfil e relação entre pandemia e aumento na frequência de consumo de álcool

Coordenado pela OPAS e com participação da Unifesp, levantamento mostrou perfil dos latino-americanos que aumentaram seu padrão de beber durante a pandemia; homens mais ricos e que ficaram em isolamento social revelaram consumo maior


Um estudo coordenado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), com sede em Washington, e que contou com a participação ativa do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), revelou o perfil e os fatores associados ao aumento da frequência dos episódios de beber pesado durante a pandemia de covid-19. O levantamento foi publicado recentemente no periódico científico Drug and Alcohol Dependence.

O levantamento contou com a participação de 12.328 adultos oriundos de 33 países da América Latina e do Caribe, por meio de resposta de questionário online de autorrelato, disseminado por meio de plataformas digitais, com impulsionamento da OPAS, no período de 22 de maio a 30 de junho de 2020. O estudo analisou os fatores associados ao aumento da frequência dos episódios de beber pesado, com ênfase nas características sociodemográficas, práticas de quarentena e sintomas de ansiedade em bebedores (aqueles que reportaram terem bebido em 2019). Episódios de beber pesado foram entendidos como beber cinco ou mais doses de bebida alcoólica em uma ocasião.

“No total, 65% dos participantes da pesquisa relataram ter feito pelo menos um episódio de beber pesado durante a pandemia de covid-19, sendo que 14% relataram ter aumentado a frequência desses episódios de beber pesado em comparação com 33% que disseram ter reduzido a frequência desse comportamento no período”, descreve a professora Zila Sanchez, da EPM/Unifesp.

As análises indicaram que ser homem, ter maior renda e ter feito mais quarentena está positivamente associado ao aumento da frequência de episódios de beber pesado. Por outro lado, estar desemprego, ser estudante e viver com crianças está negativamente associado com o aumento da frequência de episódios de beber pesado, ou seja, estes últimos fatores possuem efeito inverso no comportamento de beber pesado durante a pandemia. “Além disso, um gradiente de associação foi encontrado entre o transtorno de ansiedade generalizada e um aumento na frequência de episódios de beber pesado durante a pandemia, ou seja, quanto maior o nível de ansiedade maior o beber pesado”, destaca Zila.

Para Juliana Valente, pesquisadora responsável pelas análises, “os dados destacam que ações preventivas em saúde mental devem ser planejadas e colocadas em prática a fim de reduzir o impacto da pandemia sobre a saúde e o bem-estar da população dos países da América Latina e do Caribe”.


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