Por Rodrigo Garcia-Cerde
Uma equipe de pesquisadoras da Universidade de Utrecht, na Holanda, descobriu que quando as normas apresentadas pelos pais de adolescentes são mais restritivas quanto ao consumo de álcool por seus filhos, impacta no consumo cigarro e de maconha destes adolescentes e também no consumo de cigarro depois de três anos de seguimento .
Uma das hipóteses discutidas pelas autoras é que quando se reduz o uso de álcool a partir de normas parentais claras e rígidas, isso acaba afetando o consumo futuro de outras drogas também, visto que o álcool costuma ser a primeira droga utilizada por adolescentes. Adolescentes que começam utilizar álcool precocemente têm maiores chances de se envolver no uso de outras drogas como o cigarro e a maconha. De fato, as pesquisadoras indicam que na Holanda 87% dos fumantes consomem álcool regularmente e que o uso de maconha é 12 vezes mais frequente entre bebedores.
Embora haja outros estudos que trazem evidências sobre a associação inversa entre as regras restritivas no uso de álcool e o menor consumo de outras substâncias, as autoras deste estudo discutem que esta associação pode ser explicada no sentido de que as regras restritivas limitam os contextos nos quais os adolescentes se colocam em risco para consumir drogas, já que eles transferem a restrição sobre o álcool a outras drogas, assumindo que as regras dos seus pais se aplicam a essas outras drogas também.
As autoras ainda discutem que em uma intervenção realizada por Koning e Vollebergh em 2016, na qual incentivavam os pais a terem regras restritivas sobre o uso de álcool, mostrou efeitos contrários aos esperados, ou seja, incrementou o uso de cigarro e maconha nos seus filhos. A explicação para esse achado contraditório foi que não adianta apenas solicitar aos pais que normalmente não apresentam regras restritivas nem fazem um acompanhamento próxima da vida de seus filhos que apenas passem a apresentar regras pontuais sobre o uso de álcool sem que ampliem seu repertório de habilidades parentais globais. O adequado seria então, fornecer alternativas para os pais de acordo com seus estilos parentais específicos. Desta forma, não são as regras parentais isoladas que previnem o uso de drogas por adolescentes e sim um modelo integral de ambiente familiar e estilos parentais.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.drugalcdep.2020.108226
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