A resposta é não. Saiba por que.
Por Júlia D. Gusmões.
É comum e frequente que os pais forneçam goles de bebidas alcoólicas para os filhos adolescentes, não só no Brasil, mas também em outros países. Em geral estes pais acreditam que desta forma estão ensinando os filhos a beber e que isso iria protegê-los de abusar do álcool. Para entender se isso é verdade, pesquisadores australianos acompanharam um grupo de 1.910 adolescentes por sete anos (a partir de 2010-11) para examinar possíveis associações entre a quantidade de álcool ofertado pelos por pais e complicações em decorrência do uso de álcool no futuro, como consumo excessivo de álcool, danos relacionados ao álcool, sintomas de abuso de álcool, dependência e transtorno por uso de álcool (AUD).
Os pesquisadores não encontraram evidências de que os pais fornecerem álcool aos filhos (mesmo em pequenas quantidades) reduziria o consumo excessivo de álcool por estes adolescentes. Na verdade, os autores encontraram o oposto, ou seja, o fornecimento de álcool pelos pais em qualquer quantidade aumentou os danos no consumo de álcool entre os filhos. Quanto maior a oferta de álcool pelos pais, maior os danos.
Nas primeiras ondas de acompanhamento, a maior parte do que era oferecido pelos pais aos filhos consistia em goles de álcool, enquanto a oferta de bebidas inteiras aumentava nas ondas posteriores, ou seja, quanto mais idade tinham os adolescentes, maior a quantidade de álcool ofertada pelos pais.
Assim, ao contrário do que popularmente se acredita, não há evidências de que o fornecimento de álcool pelos pais tenha um efeito protetor para adolescentes. O melhor conselho para os pais é não ofertar álcool aos seus filhos, de forma a retardar a iniciação e, assim, minimizar os danos relacionados ao álcool.
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