Por Juliana Plens
Estudo publicado no The Lancet investigou os principais preditores associados à futuras tentativas de suicídio em adolescentes pertencentes a grupos considerados de alto risco. Sabe-se que pensamentos suicidas e comportamentos de automutilação são comuns em adolescentes e estão fortemente associados à tentativas de suicídio, sendo esses adolescentes considerados de alto risco para suicídio. Um grande estudo longitudinal de cohort (Avon Longitudinal Study of Parents and Children) realizado no Reino Unido foi publicado recentemente pelo The Lancet, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, e objetivou investigar os principais fatores associados a ocorrência de primeira tentativa de suicídio ao longo do tempo em adolescentes que inicialmente apresentavam pensamentos suicidas e comportamentos de auto-mutilação sem a intenção de tirar a própria vida. Foram selecionados e acompanhados 456 adolescentes que referiam pensamentos suicidas e 569 adolescentes com comportamentos de auto-mutilação sem a intenção de tirar a própria vida aos 16 anos de idade, que nunca haviam tido tentativas de suicídio na vida. Aos 21 anos de idade foram colhidas informações sobre quantos desses adolescentes haviam apresentado tentativa de suicídio pela primeira vez e, em ambos os grupos a incidência foi de 12%. Os principais preditores de risco para o grupo de adolescentes com pensamentos suicidas aos 16 anos de idade foram: automutilação; uso de cannabis; uso de outras drogas ilícitas; exposição a mutilação em familiares ou amigos e tipo de personalidade caracterizado por “Aberto a novas experiências/intelectual”. Em relação ao o grupo de adolescentes com comportamentos de automutilação não suicida aos 16 anos de idade, os principais preditores de risco para a primera tentativa de suicídio foram: uso de cannabis; uso de outras drogas ilícitas; alterações de sono e pessoas com personalidade com baixo nível de extroversão. Identificou-se que uso de cannabis e de outras drogas ilícitas foram preditores robusto para risco de suicídio em ambos os grupos. O estudo chegou à conclusão de que a maioria dos adolescentes com pensamentos suicidas e comportamentos de auto-mutilação sem intenção suicida não cometerão tentativas de suicídio ao longo da vida. Os resultados achados nesse estudo sugerem que é importante que profissionais que trabalham com adolescentes façam perguntas sobre uso de substâncias, comportamento de auto-mutilação ou exposição a automutilação em pessoas próximas, padrão de sono e traços de personalidade como forma de identificar jovens que estão em alto risco de cometer uma tentativa de suicídio futura a fim de se instituir medidas preventivas para evitar suicídio nessa população.
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