Por Valdemir Ferreira Júnior
Pesquisadores do Núcleo Previna do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo investigaram como os sintomas psiquiátricos podem estar associados com o poliuso de drogas e o envolvimento com a violência entre pré-adolescentes. O estudo foi publicado no mês de agosto no Child Psychiatry & Human Development.
O estado de saúde mental de crianças e adolescentes vem preocupando pais, professores e pesquisadores em todo o mundo. Sabe-se hoje que os problemas de saúde mental na infância e adolescência produzem sérios impactos no desempenho escolar, no relacionamento com os colegas e na habilidade de lidar com adversidades ou mudanças. Para aprofundar o entendimento sobre esta temática, um estudo financiado pela FAPESP, que envolveu 2316 estudantes de 30 escolas públicas da cidade de São Paulo, teve o objetivo de investigar como os sintomas psiquiátricos na adolescência estão associados com fatores sociodemográficos e comportamentos de risco, tais como poliuso de drogas e o envolvimento com a violência na escola.
Os pesquisadores identificaram associação direta entre o número de drogas experimentadas durante a vida e os sintomas psiquiátricos recentes dos estudantes. Identificaram ainda que quanto maior a violência sofrida pelo estudante, maior esas chances de possuírem sintomas psiquiátricos, especialmente entre os adolescentes que sofreram violência física. Quando verificada possíveis associações com o poliuso de drogas, os pesquisadores encontraram que os adolescentes que praticavam poliuso tiveram o dobro de chances de serem classificados como casos “subclínicos” e “clínicos” na pontuação total da escala de sintomas psiquiátricos, do que os estudantes que não praticavam.
Outro achado importante diz respeito ao gênero dos estudantes. Meninas apresentaram mais sintomas psiquiátricos que meninos, achado preocupante e que vai de encontro com outros estudos que reportaram maiores prevalências de depressão e ansiedade entre adolescentes do sexo feminino.
Os pesquisadores ressaltam que os programas de prevenção devem considerar as meninas e os estudantes com envolvimento com a violência como grupos vulneráveis e alvos importantes de suas intervenções, conforme os achados deste estudo.
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