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Álcool

O que é Álcool?

O álcool é uma produção fermentada de açúcares e uma das substâncias psicoativas mais consumidas no mundo. É classificado como um depressor do sistema nervoso central, ou seja, desacelera as funções vitais, resultando em fala ininteligível, movimentos oscilantes, percepções alteradas e uma incapacidade para reagir rapidamente. O álcool desempenha um papel importante em muitas sociedades e culturas ao redor do mundo e tem um grande impacto na saúde pública. 

O consumo de álcool é fator causal de muitas doenças crônicas não-transmissíveis (DCNTs), incluindo vários tipos de câncer, doenças cardiovasculares, diabetes e transtornos pelo uso de substâncias. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso nocivo de álcool é considerado um dos quatro principais fatores de risco responsáveis ​​pelo aumento mundial das DCNT. De acordo com a OMS, em pessoas com idade entre 20 e 39 anos, aproximadamente 13,5% do total de mortes são atribuíveis ao álcool.

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Consumo de Álcool no Brasil 

No Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, o percentual da população com 18 anos ou mais de idade que relatou consumir bebida alcoólica uma vez ou mais por mês foi de 30,0%, variando de 20% na Região Norte a 36% na Região Sul. Considerando a frequência de consumo de uma vez ou mais por semana, o percentual de pessoas que costumava ingerir bebida alcoólica foi de 26,4%, sendo que entre os homens, a proporção foi de 37% enquanto, entre as mulheres foi de 17%. Entre os adolescentes, a Pesquisa Nacional dos Estudantes (PENSE) de 2019 mostrou que a experimentação de bebidas alcoólicas foi de 63% para os escolares de 13 a 17 anos, variando de 56% nos escolares de 13 a 15 anos até 77% nos escolares de 16 e 17 anos

Como as pessoas ingerem o álcool?

A bebida alcoólica tem forte aceitação social mundialmente, sendo o seu consumo dificilmente restringido por conta de questões culturais. No senso comum, a expressão “beber socialmente” é usada frequentemente como sinônimo de beber pouco ou moderadamente e em contextos de interações. Também é comum entre os jovens, a prática de ingerir várias doses de bebidas alcoólicas em um curto intervalo de tempo, também conhecida como binge drinking, o que aumenta a prevalência de comportamentos de risco, como dirigir após beber, ter um apagão ou fazer sexo sem se prevenir. Foi o que constatou uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que avaliou 1.222 pessoas de 18 a 24 anos em três momentos: antes da balada, após sair do local e um dia depois da festa. Na Pesquisa Nacional dos Estudantes (PENSE) de 2019, 10% dos escolares Brasileiros de 13 a 17 anos relataram terem consumido 4 ou mais doses de bebida alcoólica em um mesmo dia e 7% relataram ter bebido 5 ou mais. 

Consequências do álcool na saúde

Primeiro, devemos considerar os efeitos do álcool no sistema imunológico. O uso nocivo de álcool ativa o sistema imunológico, causando inflamação, e interfere na resposta imunológica do corpo a infecções virais e bacterianas. Nos pulmões, o excesso de álcool danifica as células epiteliais que revestem a superfície pulmonar e está associado à síndrome do desconforto respiratório agudo.

Pesquisas mostraram que pessoas que usam álcool têm maior risco de doença hepática, doenças cardíacas, depressão, derrame e sangramento estomacal, bem como cânceres da cavidade oral, esôfago, laringe, faringe, fígado, cólon e reto. Esses indivíduos também podem ter problemas para gerenciar condições como diabetes, pressão alta, dor e distúrbios do sono, além de aumentar a probabilidade de comportamento sexual inseguro, aumento do risco de afogamento e lesões por violência, quedas e acidentes com veículos automotores. Entre todas as mortes por cirrose em 2015, 49,5% foram relacionadas ao álcool. A proporção de óbitos por cirrose relacionada ao álcool foi maior (77%) entre as pessoas de 25 a 34 anos, seguida por pessoas de 35 a 44 anos, com 73%.

Globalmente, o uso indevido de álcool foi o sétimo principal fator de risco para morte prematura e incapacidade em 2016. Neste mesmo ano, 3 milhões de mortes, ou 5% de todas as mortes globais (8% para homens e 3% para mulheres), foram atribuídas ao consumo de álcool. 

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Fonte: Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM)

Overdose de álcool existe?

A overdose alcoólica ocorre quando há tanto álcool na corrente sanguínea que as regiões do cérebro que controlam as funções básicas de suporte à vida (como respiração, frequência cardíaca e controle de temperatura) começam a ser desativadas. Os sintomas da overdose de álcool incluem confusão mental, dificuldade de se manter consciente, vômitos, convulsões, dificuldade para respirar, frequência cardíaca baixa, pele úmida, respostas confusas, ausência de reflexo em episódios de vômito (que previne a asfixia) e temperatura corporal extremamente baixa. A overdose de álcool pode causar dano cerebral permanente ou morte.

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Dependência

A dependência alcoólica é considerada doença pela Organização Mundial da Saúde. O uso constante, descontrolado e progressivo de bebidas alcoólicas pode comprometer seriamente o bom funcionamento do organismo, levando a consequências irreversíveis. A pessoa dependente do álcool, além de prejudicar a sua própria vida, acaba afetando a sua família, amigos e colegas de trabalho.

Tratamento de Dependência Química 

A natureza do tratamento depende da gravidade do alcoolismo do indivíduo e dos recursos disponíveis na comunidade. O tratamento pode incluir a desintoxicação (o processo de retirar o álcool do organismo de uma pessoa com segurança), tomar medicamentos receitados pelo médico, para ajudar a evitar o retorno à bebida uma vez que já parou o consumo, e aconselhamento individual e/ou em grupo. Há tipos de aconselhamentos promissores que ensinam a recuperar dependentes de álcool e a identificar situações e sentimentos que levam à necessidade de beber e de descobrir novas maneiras de lidar com a ausência do álcool. Quaisquer destes tratamentos podem ocorrer tanto em um hospital, como em sua própria residência ou ainda de forma ambulatorial.

Como o envolvimento com a família é importante para a recuperação, muitos programas oferecem aconselhamento conjugal e terapia familiar como parte do processo de tratamento. Alguns programas podem oferecer para o dependente recursos vitais da comunidade como a assistência legal, treinamento de trabalho, creche e aulas para pais.

Álcool e covid-19

A pandemia COVID-19 está afetando todas as famílias em todo o país e provavelmente terá um impacto duradouro na saúde pública e no bem-estar. O uso indevido de álcool já é uma preocupação de saúde pública, e o álcool tem o potencial de complicar ainda mais a pandemia COVID-19 de várias maneiras.

O consumo excessivo de álcool pode não apenas influenciar a suscetibilidade e a gravidade do COVID-19, mas os amplos efeitos da pandemia também podem levar ao consumo excessivo de álcool. Sabemos que sentir-se socialmente isolado, um possível efeito do distanciamento físico causado pela COVID-19, pode piorar os sintomas de ansiedade ou depressão, o que pode incentivar mais ingestão de álcool. De fato, a atual crise do COVID-19 parece já ter aumentado as vendas de álcool no varejo. Do estresse do desemprego aos sentimentos de isolamento durante o distanciamento físico, há muitas razões pelas quais a emergência do COVID-19 pode estar influenciando o consumo de álcool. Mais pessoas podem beber e as pessoas podem beber mais pesadamente para lidar com o estresse, distúrbios do sono e até mesmo tédio, aumentando o risco de transtorno por uso de álcool e outras consequências adversas.

O distanciamento físico (que pode levar ao “distanciamento social”) durante a pandemia também tem implicações profundas no acesso a serviços de tratamento para pessoas com problemas de uso de álcool. O apoio social é um reforço muito poderoso para as pessoas e é altamente benéfico para ajudá-las a evitar recaídas ou uma escalada no uso de álcool. Programas de recuperação baseados em apoio mútuo entre colegas e muitas terapias comportamentais diferentes envolvem apoio social e são muito úteis para pessoas que lutam para manter a sobriedade ou regular o consumo de álcool. 

Fonte:  Traduzido e adaptado do National Institute on Drug Abuse; National Institutes of Health; U.S. Department of Health and Human Services (Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas; Institutos Nacionais de Saúde; Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA). Inclusão de dados brasileiros da Pesquisa Nacional de Saúde e da Pesquisa Nacional de Saúde do Escola.

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