Por Julia Gusmões
Desde o início da pandemia de SARS-CoV-2, pesquisadores do mundo todo têm trabalhado incansavelmente para compreender os fatores de risco associados à doença. Pesquisadores franceses publicaram um artigo comentando o que se sabe até o momento sobre a associação do uso de cigarro com a infecção por COVID-19. Na revisão bibliográfica realizada por eles, foram encontrados seis artigos que investigaram a prevalência de fumantes entre os infectados. Em todos os estudos, houve maior prevalência de fumantes entre os casos mais severos da infecção por COVID-19 do que entre os casos não severos. Porém, devido às limitações destes estudos, ainda não é possível que se tenha conclusões decisivas sobre esta associação.
Existem evidências de associação entre tabagismo e fatalidade por outro tipo de coronavírus, o MERS-CoV. Devido ao fato de tanto o MERS-CoV, como o SARS-CoV-2possuírem expressões proteicas semelhantes, pode-se imaginar que fumar contribui com o aumento dos receptores virais, assim corroborando com os achados dos estudos revisados por Belin e seus colegas.
Também é importante notar que o comportamento de fumar é caracterizado por inalação e por movimentos repetitivos mão-boca, que são fortemente desaconselhados no momento devido a propagação do vírus. Ainda, medidas de isolamento podem aumentar a exposição dos membros da família ao fumo passivo. Finalmente, fatores de risco para o desenvolvimento de agravos a saúde decorrentes da infecção por COVID-19 (distúrbios pulmonares e cardiovasculares, diabetes, etc.) são mais frequentes entre os fumantes. Desta forma, o estudo concluí que parar de fumar deve ser uma prioridade entre os fumantes com comorbidades neste momento da pandemia.
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