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Proporção de casos e mortes por câncer atribuíveis a fatores de risco relacionados ao estilo de vida

Por Juliana Plens


Fatores relacionados ao estilo de vida da população como, por exemplo, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, sobrepeso e obesidade, representados por aumento no índice de massa corporal (IMC), falta de atividade física e dieta pouco saudável com baixo consumo de fibras, frutas e vegetais e rica em consumo de carnes vermelha e processadas têm sido associados com o aumento de, ao menos 20 tipos diferentes de câncer.

Sabe-se que as medidas mais realistas para a prevenção do câncer no Brasil seria a modificação do estilo de vida. Baseado nisso, um estudo foi realizado na população brasileira, buscando estimar a proporção de casos e mortes associados ao câncer que poderiam ter sido evitados caso se fizessem modificações em relação aos fatores de risco aos quais as pessoas estão expostas, eliminando ou reduzindo a exposição delas aos mesmos. Para isso, foram feitos levantamento e análise de dados sobre exposição a tais fatores de risco de pesquisas de saúde representativas da população brasileira, como a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) e de alguns estudos já publicados na literatura científica internacional.

Em 2012, o tabagismo foi o fator de risco mais relevante a impactar a incidência e mortalidade por câncer tanto em homens quanto em mulheres brasileiros sendo, isoladamente, o responsável pela maior parte dos casos e das mortes evitáveis por câncer, respondendo por 45.654 e 21.357 casos em homens e mulheres, respectivamente e 28.404 e 11.907 mortes em homens e mulheres, respectivamente. Em relação à incidência de câncer, a ingestão de bebidas alcoólicas foi considerada a segunda maior causa a contribuir para a incidência de câncer em homens, ao lado de fatores dietéticos.

Os resultados mostraram que, caso os fatores de risco fossem eliminados, 26,5% de todos os casos de câncer no Brasil teriam sido evitados, o que corresponderia a 114.497 casos, bem como seriam poupadas 33,6% de todas as mortes por câncer, num total de 63.371 mortes. Também se observou que 4,5% dos casos (19.731) e 6,1% das mortes (11.480) teriam sido evitados caso se fizessem reduções baseadas em políticas públicas efetivas guiadas por recomendações para prevenção de câncer.

Concluiu-se que o tabagismo foi responsável pela maioria de casos e mortes preveníveis por câncer, seguido de elevado índice de massa corporal e consumo de bebidas alcoólicas. Ao menos metade dos casos e mortes por câncer de laringe, pulmão, orofaringe, esôfago e colorretal teriam sido evitados caso esses fatores de risco fossem eliminados.

Esse tipo de estudo é muito importante para que estratégias para a prevenção e controle de câncer sejam implementadas no Brasil. A estimativa do quanto de câncer poderia ser evitado pela diminuição ou eliminação da exposição a fatores de risco é muito útil a fim de se programar tais estratégias de prevenção.

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